quinta-feira, 9 de abril de 2020

O Poeta Engenheiro - João Cabral de Melo Neto


Você certamente conhece o poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto! Talvez já tenha lido alguma de suas obras, mas você sabia por exemplo que ele era um forte candidato ao prêmio Nobel de Literatura?


Para o Escritor Mia Couto, João Cabral de Melo Neto foi o maior poeta da Língua Portuguesa, a frente inclusive de Camões, Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade, que nós veremos em outros momentos!

João Cabral nasceu em Recife em 1920, durante a República Velha (café com leite)! Viveu parte da sua vida nos engenhos de sua família na chamada Zona da Mata de Pernambuco! Era primo do também poeta Manuel Bandeira e do respeitado sociólogo Gilberto Freyre. Mudou-se para o Rio de Janeiro (estátua) na fase adulta e aos 25 anos iniciou a sua carreira de diplomata. Nessa época, João Cabral já tinha escrito duas de suas obras: “Pedra do Sono”, de 1942 e “Os três mal-amados”, de 1943.

No mesmo ano em que ingressou no Itamaraty, João Cabral publicou uma de suas mais famosas obras: O Engenheiro, que seria uma das grandes responsáveis pelo epíteto com o qual ficaria conhecido. “O Poeta Engenheiro” ou “O Arquiteto das Palavras”.


O Engenheiro

A luz, o sol, o ar livre
envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras:
superfícies, tênis, um copo de água.

O lápis, o esquadro, o papel;
o desenho, o projeto, o número:
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nenhum véu encobre.

(Em certas tardes nós subíamos
ao edifício. A cidade diária,
como um jornal que todos liam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro).

A água, o vento, a claridade
de um lado o rio, no alto as nuvens,
situavam na natureza o edifício
crescendo de suas forças simples.

João Cabral foi acusado de praticar o Comunismo durante o governo de Getúlio Vargas, numa época em que o Partido Comunista era proibido no Brasil. Recorreu ao Supremo Tribunal Federal e pôde retomar suas atividades enquanto diplomada, percorrendo países como o Senegal, Portugal e Espanha. Em relação a esse último, O Poeta Engenheiro tinha um carinho bastante especial. Sobretudo para com a cidade de Sevilha!

“Há que Sevilhizar a vida! Há que Sevilhizar o mundo!”


Nesse período, sua atividade literária não diminuiu e publicou diversas obras:

Cão sem Plumas, em 1950
Uma Faca só lâmina, do mesmo ano

E sua principal obra, Morte e Vida Severina, em 1955, que narra a empreitada de um retirante nordestino saindo do interior em direção a Recife e que passaria para a história como a sua obra prima.


O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI


— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
algum roçado da cinza.

João Cabral fez parte da Academia Pernambucana de Letras, mas nunca compareceu às reuniões, sequer na sua posse! Foi empossado na cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras em maio de 1969 e em 1990 recebeu nada menos que o prêmio Camões, a principal premiação da língua portuguesa!
Em 1999, quando faleceu, João Cabral era considerado um fortíssimo candidato a receber o primeiro prêmio Nobel da história do Brasil.


terça-feira, 7 de abril de 2020

Sistema Linfático


O Sistema Linfático é constituído por uma ampla rede de vasos linfáticos distribuídos por todo o corpo. Estes são finos como os capilares sanguíneos, a diferença entre eles é que os vasos linfáticos terminam com uma extremidade fechada. Se, por algum motivo, o sistema linfático deixar de cumprir a função de drenar o resto do líquido tissular, este tende a se acumular nos tecidos, causando inchaços conhecidos como edemas linfáticos.

Linfa

É um líquido esbranquiçado que circula no interior dos vasos linfáticos, que tem uma grande semelhança com o sangue. A diferença entre eles é o que a linfa não possui hemácias (glóbulos vermelhos). Ela possui leucócitos (glóbulos brancos), onde aproximadamente 99% são linfócitos.

Linfonodos


São estruturas esponjosas presentes ao longo dos vasos linfáticos. Ao passar pelos linfonodos, a linfa circula por finos canais onde há leucócitos que identificam e destroem corpos e substâncias estranhas. Um exemplo de órgão que é rico em linfonodos é o baço.

Sangue


A palavra homeostasia significa a manutenção das condições de funcionamento dos diferentes componentes celulares do organismo. Todos os órgãos realizam funções que contribuem para a homeostasia. A comunicação entre os diversos órgãos é feita pelo sangue.      Este, pode ser entendido como um sistema de transporte em que as artérias, veias e capilares seriam as vias percorridas. O sangue é o meio líquido que flui pelo sistema circulatório entre os diversos órgãos transportando nutrientes, hormônios, eletrólitos, água, resíduos do metabolismo celular e diversas outras substâncias. A fisiologia do sangue estuda as suas múltiplas funções em interação com a nutrição dos demais tecidos do organismo.

O deslocamento do sangue no sistema circulatório ocorre por ação da bomba cardíaca e da sua condução pelas artérias, veias e capilares. O sangue circula no organismo humano, transportando oxigênio dos pulmões para os tecidos, onde é liberado nos capilares. Ao retornar dos tecidos, o sangue conduz o dióxido de carbono e os demais resíduos do metabolismo celular, para eliminação através da respiração, do suor, da urina ou das fezes.

O sistema de defesa do organismo contra doenças e a invasão de germes patogênicos está concentrado no sangue. O equilíbrio e a distribuição de água, a regulação do pH através os sistemas tampões, o controle da coagulação e a regulação da temperatura correspondem a outras importantes funções desempenhadas pelo sangue.

As células do corpo humano, para funcionar adequadamente, precisam consumir oxigênio. As moléculas de hemoglobina contidas nos glóbulos vermelhos do sangue transportam o oxigênio aos tecidos e, quando a sua oferta é reduzida, o funcionamento celular se deteriora, podendo cessar e determinar a morte.

O volume de sangue contido no sistema circulatório (coração, artérias, veias e capilares) constitui o volume sanguíneo total, também chamado volemia. Um adulto, dependendo do seu porte físico, pode ter de 4 a 8 litros de sangue no organismo. Em geral, a volemia tem relação com a idade e o peso dos indivíduos. O adulto tem aproximadamente 60 ml de sangue para cada quilograma de peso corporal. Os elementos celulares correspondem a aproximadamente 45% do volume de sangue, enquanto o plasma corresponde a 55%. O sangue é um tecido que contém uma fase sólida, que compreende os elementos celulares, e uma fase líquida, que corresponde ao plasma.

Os elementos celulares do sangue são as hemácias, os leucócitos e as plaquetas. As hemácias são as células encarregadas do transporte de oxigênio para os tecidos e do gás carbônico resultante do metabolismo celular; os leucócitos constituem um exército de defesa do organismo contra a invasão por agentes estranhos e as plaquetas são fragmentos celulares fundamentais aos processos de hemostasia e coagulação do sangue.

O plasma sanguíneo é constituído por elementos sólidos e água. Os elementos sólidos do plasma são,  principalmente as proteínas, gorduras, hidratos de carbono, eletrólitos, sais orgânicos e minerais, e hormônios. O plasma é um líquido viscoso que contém 90% de água e 10% de sólidos, como proteínas, lipídeos, glicose, ácidos e sais, vitaminas, minerais, hormônios e enzimas. Em cada litro de sangue existem 60 a 80 gramas de proteína. A maior parte constituída pela albumina; em menor proporção estão as globulinas, relacionadas a formação de anticorpos para a defesa do organismo e o fibrinogênio, uma proteína fundamental no processo de coagulação do sangue.

O organismo humano contém uma grande quantidade de água, capaz de migrar entre os diversos compartimentos, impulsionada pelo fenômeno da osmose. A osmose é um processo físico que ocorre entre duas soluções separadas por uma membrana permeável, em que a água atravessa a membrana para o lado que contém o maior número de solutos, para igualar a sua quantidade nos dois lados da membrana.

Hemácias


A principal função das hemácias é transportar oxigênio dos pulmões para os tecidos e o dióxido de carbono, dos tecidos para os pulmões. O transporte do oxigênio é feito pela hemoglobina, através de ligações químicas. As hemácias contém a enzima anidrase carbônica, que acelera a reação da água com o dióxido de carbono, tornando possível a remoção de grandes quantidades de dióxido de carbono, para eliminação pelos pulmões. A hemoglobina funciona ainda como um sistema tampão adicional, na manutenção do equilíbrio ácido-básico do organismo.

As hemácias, glóbulos vermelhos ou eritrócitos, são as células mais numerosas no sangue. Tem a forma de um disco bicôncavo, com um excesso de membrana, em relação ao conteúdo celular. A membrana em excesso permite a hemácia alterar a sua forma na passagem pelos capilares, sem sofrer distensão ou rotura. A forma bicôncava da hemácia favorece a existência de uma grande superfície de difusão, em relação ao seu tamanho e volume. A hemácia circulante não tem núcleo, seu diâmetro médio é de aproximadamente 8 mícrons e a espessura é de 2 mícrons na periferia e cerca de 1 mícron na sua porção central.

A quantidade de hemácias no sangue varia com o sexo. No homem adulto normal, sua concentração é de aproximadamente 5.200.000 por mililitro de sangue, enquanto na mulher normal e de 4.800.000.
  
A altitude em que a pessoa vive afeta o número de hemácias em circulação. As populações que vivem em grandes altitudes, onde a pressão parcial de oxigênio no ar é mais baixa, tem necessidade de uma maior quantidade de hemácias na circulação, para manter a oxigenação dos tecidos adequada.
  
No recém-nascido, a contagem de hemácias revela quantidades superiores as do adulto. No decorrer das duas primeiras semanas de vida, a quantidade de hemácias se reduz e estabiliza, até atingir os níveis do adulto normal.
  
Aproximadamente 60% da célula da hemácia é constituída pela água e o restante pelos elementos sólidos. Da parte sólida, 90% é ocupada pela hemoglobina e o restante corresponde as proteínas, substâncias gordurosas, fosfatos, cloro e íons de sódio.
  
A quantidade de hemácias no sistema circulatório é controlada pelo organismo,
de tal forma que um certo número de eritrócitos está sempre disponível para o transporte de oxigênio aos tecidos. Qualquer condição que diminua a quantidade de oxigênio nos tecidos, tende a aumentar a produção de eritrócitos.
  
Quando a medula óssea produz hemácias muito rapidamente, varias células são liberadas no sangue antes de se tornarem eritrócitos maduros. Estas células mal desenvolvidas
podem transportar o oxigênio com eficiência porém, são muito frágeis o seu tempo de vida é menor.
  
A vida média das hemácias no organismo é de 100 a 120 dias. Ao final desse período suas membranas tornam-se frágeis e elas são, na maioria, removidas da circulação pelo baço, enquanto a medula óssea forma novas hemácias, para serem lançadas na circulação. Este processo de formação de hemácias é contínuo.
  
A hipoxia renal estimula a liberação de um fator eritropoiético que modifica uma proteína do plasma, transformando-a em eritropoietina ou hemopoietina que, por sua
vez, estimula a produção de glóbulos vermelhos. A eritropoietina pode ser usada
para acelerar a produção de hemácias em pacientes anêmicos ou em candidatos a
procedimentos cirúrgicos de grande porte.
  
A medula óssea para elaborar novos glóbulos vermelhos aproveita restos de hemácias envelhecidas e destruídas. O ferro contido na hemoglobina é reaproveitado, para formar novas moléculas do pigmento. Células fagocitárias do baço, fígado, gânglios linfáticos e da própria medula encarregam-se de destruir os glóbulos vermelhos envelhecidos. A seguir, lançam na circulação o ferro que sobra, para que possa ser reaproveitado. A produção de hemácias exige a presença de cianocobalamina (vitamina B12) e um fator da mucosa do estômago, chamado de fator intrínseco, que se combina com a vitamina B12. O ácido fólico também participa do processo de formação e maturação das hemácias.

Leucócitos


O organismo possui um eficiente sistema de combate aos diferentes agentes agressores, tóxicos ou infecciosos como bactérias, fungos, vírus e parasitas. Este sistema inclui as células brancas ou leucócitos,os macrófagos dos tecidos e o sistema linfoide.

Os leucócitos são considerados as unidades móveis do sistema protetor do organismo, porque podem deixar a corrente sanguínea e migrar para locais onde sua ação seja necessária. Após a sua formação, as células brancas são lançadas no sangue onde circulam, até que sejam necessárias em algum ponto do organismo. Quando isso ocorre, os leucócitos migram para o local necessário, especificamente as áreas de inflamação, fazendo uma defesa rápida contra os agentes infecciosos. Na eventualidade de invasão do organismo por bactérias, os leucócitos são lançados na circulação em grandes quantidades.
  
Existem normalmente no sangue periférico de 6.000 a 8.000 leucócitos por mililitro de sangue, divididos em cinco tipos: neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos e linfócitos. Os neutrófilos no sangue periférico se distribuem em formas jovens, com o núcleo em bastão e formas adultas, com o núcleo segmentado.
  
Os três primeiros tipos de leucócitos, os neutrófilos os eosinófilos e os basófilos
são chamados de leucócitos polimorfonucleares porque tem núcleos com dois ou mais lobos. Além desta característica dos núcleos, os leucócitos polimorfonucleares apresentam granulações no interior do seu citoplasma, sendo, por essa razão, também chamados de granulócitos.

Os monócitos e os linfócitos tem núcleo simples, e não tem granulações no citoplasma, sendo conhecidos como leucócitos agranulócitos.
  
Os leucócitos formados na medula óssea, especialmente os granulócitos, ficam armazenados na medula. Vários fatores podem promover a sua liberação no sistema circulatório, quando necessários.
  
O tempo de vida dos leucócitos em circulação no sangue é curto. A maior parte deles fica armazenada e só vai para a circulação quando requisitada. Após serem liberados da medula óssea, passam de seis a oito horas circulando no sangue e duram de dois a três dias nos tecidos. Quando há infecção localizada nos tecidos, o tempo dos leucócitos em circulação é ainda menor, porque vão direto a área infectada, onde ingerem os organismos invasores e a seguir são destruídos.
  
Os monócitos passam pouco tempo na circulação, porque vão direto aos tecidos, onde aumentam de tamanho e podem sobreviver até alguns meses antes de serem destruídos.

Os linfócitos entram no sistema circulatório de forma contínua e permanecem no sangue apenas por algumas horas. Os linfócitos são os leucócitos mais complexos e atuam em conjunto com o sistema imunológico, na resposta as invasões por agentes estranhos. Os linfócitos T e os linfócitos B podem ser produzidos nos tecidos linfoides e na medula óssea. 

Os linfócitos T ativados podem destruir um agente invasor do organismo, enquanto os linfócitos B produzem anti-corpos contra os agentes invasores. Ao reconhecer um antígeno, os linfócitos T estimulam os linfócitos B a produzir anti-corpos específicos para aquele antígeno.
  
Os neutrófilos e os monócitos atacam e destroem as bactérias, vírus invasores e qualquer outro agente lesivo. Ao penetrar nos tecidos, os neutrófilos intumescem, aumentam
de tamanho e, ao mesmo tempo, desenvolvem no citoplasma, um número elevado de lisossomos e de mitocôndrias, que possuem grânulos. Estas células aumentadas denominam-se macrófagos, que tem grande atividade no combate aos agentes patogênicos.
  
Os neutrófilos e os monócitos se movimentam rapidamente através das paredes dos capilares sanguíneos; podem deslocar-se até três vezes o seu próprio comprimento a cada minuto.
  
A função mais importante dos neutrófilos e macrófagos é a fagocitose. Os neutrófilos ingerem e digerem as partículas estranhas, até que alguma substância tóxica ou enzima liberadas no seu interior os destruam. Normalmente, isto ocorre depois que o neutrófilo tenha fagocitado cerca de 5 a 25 bactérias. Em seguida, os macrófagos fagocitam os neutrófilos mortos.

Plaquetas

As plaquetas são corpúsculos ou fragmentos de células gigantes, os megacariócitos, formadas na medula óssea. Elas tem a forma de discos diminutos arredondados, e na realidade, não representam células e sim corpúsculos celulares. Os megacariócitos se fragmentam em plaquetas, que são liberadas na circulação sanguínea.
  
As plaquetas não tem núcleo; seu diâmetro médio é de 1,5 μ (mícron) e a espessura varia de 0,5 a 1 m.
  
As plaquetas são de fundamental importância nos processos de hemostasia e coagulação do sangue. Quando ocorre lesão do endotélio de um vaso sanguíneo, as plaquetas são ativadas, aderem ao local da lesão e aglutinam-se umas as outras. Ao mesmo tempo liberam substâncias que ativam outras plaquetas promovendo a formação de grumos plaquetários, que obstruem o local da lesão do vaso e, em última análise, promovem a interrupção da perda sanguínea. Essa é a principal função das plaquetas no fenômeno de hemostasia. Além disso, as plaquetas participam ativamente da cascata da coagulação do sangue, liberando varias proteínas e lipoproteínas que ativam determinados fatores da coagulação.
  
A adesividade permite que a plaqueta possa aderir ao endotélio vascular lesado ou a qualquer outra superfície diferente do endotélio normal. A agregação permite que as plaquetas possam aderir umas as outras, constituindo grumos plaquetários que são a origem do futuro coágulo. A serotonina liberada pelas plaquetas estimula a adesividade e a aglutinação, além de produzir vasodilatação local. Os fatores plaquetários III e IV participam das reações da cascata da coagulação. As plaquetas participam ainda, em conjunto com a fibrina da elaboração de um coágulo final, cuja retração produz uma massa firme, com expulsão do soro do seu interior.
  
A estrutura interna das plaquetas é bastante complexa. Uma camada externa, chamada glicocálice, rica em glicoproteínas, envolve as plaquetas e contém receptores para diversos agentes capazes de ativar as plaquetas. Algumas glicoproteínas da camada de revestimento da membrana plaquetária são importantes para as funções de adesividade e agregação.    Abaixo dessa camada glicoproteica existe a membrana plaquetária, que tem três laminas. Em contato com a lamina mais interna da membrana da plaqueta existe um conjunto de filamentos especializados, próximos de um sistema canalicular, com diversos canalículos, que penetram no interior das plaquetas, chamado sistema canalicular aberto. 

Esse sistema canalicular aumenta bastante a área da superfície da plaqueta e permite a expulsão de produtos secretados para o plasma. O citoplasma das plaquetas e viscoso e contém numerosas organelas e grânulos. No citoplasma existem microfilamentos e túbulos densos, que contém actina e miosina e contribuem para manter a forma discoide, bem como para formar alongamentos ou pseudópodos, além de contrair as plaquetas, quando estimuladas pelo aumento do cálcio no interior do citoplasma. A contração desses microfilamentos comprime as organelas e grânulos do citoplasma, e exprimir o seu conteúdo para o plasma através do sistema canalicular aberto, constituindo um sofisticado mecanismo de liberação das diversas substâncias produzidas pelas plaquetas.
  
As organelas e os grânulos do interior do citoplasma são de vários tipos, como as mitocôndrias, os grânulos densos e os grânulos alfa, principalmente. Os grânulos alfa contém o fator IV plaquetário, que participa da coagulação do sangue, e contém ainda betatromboglobulina e fibrinogênio. Os grânulos densos contém reservas de difosfato de adenosina (ADP), trifosfato de adenosina (ATP), cálcio e serotonina. Outros grânulos do citoplasma contém ainda catalase, fosfatase acida e outras enzimas. O sistema tubular denso contém ciclo-oxigenase que converte o acido aracdônico da membrana em prostaglandinas e em tromboxano A2, que é a substancia vasoconstritora mais potente do organismo, cujo metabolito é o tromboxano B2.

A adesão e a agregação das plaquetas podem ser estimuladas por uma série de substâncias, chamados agentes agregantes, como ADP, adrenalina, trombina, colágeno,
vasopressina, serotonina, acido aracdônico e tromboxano A2. Estes agentes agregantes estimulam receptores da superfície das plaquetas, que liberam cálcio no citoplasma e desencadeiam a sua contração e a compressão das organelas e grânulos. O A.T.P. (trifosfato de adenosina), liberado pelas plaquetas, fornece energia para a formação de um coágulo firme e estável.
  
A concentração normal das plaquetas no sangue é de 150.000 a 400.000 por mililitro de sangue. Cerca de 30.000 plaquetas são formadas por dia, para cada mililitro de sangue; as plaquetas circulantes são totalmente substituídas a cada 10 dias. A quantidade mínima de plaquetas capaz de assegurar a hemostasia adequada oscila em torno de 50.000 por mililitro de sangue. E necessário, contudo, que as plaquetas tenham função normal, para que a hemostasia se processe adequadamente. As plaquetas danificadas se mantém na circulação, porém, sua atividade fica prejudicada, não sendo eficazes para a manutenção da hemostasia.

Plasma

A fase líquida, não celular, do sangue, é constituída pelo plasma sanguíneo. O plasma é uma solução amarelo pálida ou âmbar, viscosa, cuja composição tem 91% de água e 9% de substâncias dissolvidas. As principais substâncias em solução no plasma são as proteínas, hidratos de carbono, lipídeos, eletrólitos, pigmentos, vitaminas e hormônios.
  
O plasma permite o livre intercâmbio de diversos dos seus componentes com o líquido intersticial, através dos poros existentes na membrana capilar. As proteínas plasmáticas, devido as dimensões da sua molécula, em condições habituais, não atravessam a membrana capilar, permanecendo no plasma. Outras substâncias dissolvidas no plasma é as moléculas de água, contudo, se difundem livremente. A saída da água do plasma através os capilares e controlada pela pressão coloido-osmótica e pelo estado da permeabilidade das membranas; o que equivale dizer que as proteínas extraem água dos tecidos para os capilares, mas, dificultam a sua saída dos capilares para os tecidos. A albumina e o principal responsável pela manutenção da pressão coloido-osmótica do plasma.
  
O volume médio de sangue de um adulto normal, de 60 ml/Kg de peso, corresponde aproximadamente a 35 ml de plasma e 25 ml de hemácias por cada quilograma, quando o hematócrito esta normal. A concentração de proteínas no plasma é três vezes maior que no líquido intersticial.

Hemostasia e coagulação do sangue


Normalmente o sangue flui no organismo em contato com o endotélio vascular. A fluidez do sangue depende, além da integridade do endotélio, da velocidade do fluxo sanguíneo, do número de células sanguíneas circulantes e, possivelmente, da presença de heparina como anticoagulante natural, produzido pelos mastócitos.

Quando o sangue sai do interior dos vasos, perde a fluidez, torna-se viscoso e em pouco tempo forma um coágulo que, posteriormente se retrai, organiza ou dissolve.Este é o fenômeno normal da hemostasia, que consiste de um conjunto de fenômenos que visam interromper a perda continuada de sangue.

Existem três mecanismos principais, que se destinam a interromper a perda de sangue através de um vaso lesado, e que constituem os alicerces da hemostasia. Esses mecanismos são: resposta vascular, atividade plaquetária e coagulação do sangue.

1. Resposta vascular

  
Quando um vaso sanguíneo é lesado, ocorre imediata contração da sua parede, que reduz o fluxo de sangue no seu interior, na tentativa de interromper a perda de sangue. A redução de calibre do vaso resulta da contração das suas fibras musculares e o espasmo vascular local pode durar até 20 ou 30 minutos.
  
Os tecidos injuriados liberam diversas substâncias, como serotonina, histamina e a tromboplastina tissular, modernamente denominada fator tissular, capaz de atuar nas duas vias da coagulação. Localmente, a serotonina induz vaso constrição que contribui para a eficiência do mecanismo vascular da hemostasia. Tanto a serotonina, como a histamina, se liberadas em grandes quantidades, são absorvidas e, na circulação sistêmica tem efeito vasodilatador, que tende a reduzir a pressão arterial e, em consequência minimizar a perda sanguínea.

2. Atividade plaquetária

  
Quando as plaquetas ou trombócitos entram em contato com os tecidos, no vaso lesado, aderem à região da injuria e agregam-se a outras plaquetas, formando um tampão plaquetário, que busca obstruir a lesão vascular. A primeira reação das plaquetas em contato com superfícies não revestidas por endotélio, mesmo que de natureza biológica, e a adesão. Aquele contato ativa as plaquetas que, imediatamente, aderem a superfície não endotelial. A seguir, as plaquetas entumescem, assumem formas irregulares com prolongamentos ou pseudópodos, tornam-se pegajosas, secretam e liberam grandes quantidades de enzimas, difosfato de adenosina (ADP) e tromboxano A2. A presença da trombina contribui para acelerar a agregação das plaquetas, enquanto o tromboxano A2 atua sobre as plaquetas próximas, agregando-as as plaquetas anteriormente ativadas, para formar o grumo ou tampão. A serotonina liberada pelas plaquetas, contribui para manter a vaso constrição. A conversão do trifosfato de adenosina em difosfato, libera energia para manter a agregação das plaquetas. O fator IV plaquetário inibe a atividade anticoagulante da heparina, para preservar o grumo e permitir a formação do coágulo.

3. Formação do coágulo


O mecanismo hemostático final se constitui na modificação das proteínas do plasma para a formação do coágulo no local da injuria do vaso, interrompendo a perda de sangue. Substâncias da parede vascular lesada, das plaquetas, como o fator III plaquetário, e proteínas plasmáticas aderem à parede vascular lesada,
iniciando o processo de coagulação do sangue. A formação do coágulo é resultado de complexas alterações de um conjunto de proteínas do plasma, cuja etapa final é a transformação do fibrinogênio em fibrina. A fibrina e a matriz proteica do coágulo, que forma um emaranhado semelhante a uma rede, em que ficam retidas as plaquetas e as células vermelhas que participam do coágulo formado.
  
O conjunto de proteínas plasmáticas que determinam a formação do coágulo é chamado sistema de coagulação.
  
Após a sua formação, o coágulo sofre um processo de organização, que consiste na invasão por fibroblastos que formarão tecido conjuntivo cicatricial ou, simplesmente pode ser dissolvido, como resultado da ação de enzimas proteolíticas. Em geral, ambos os mecanismos ocorrem; o mais precoce é a lise ou dissolução de parte do coágulo, enquanto a sua organização completa em tecido conjuntivo fibroso, demora de 5 a 10 dias.

Por: 

Letícia Mourato
Lucas Moura
Pâmella Vittória
Tallita Furtado
Vitoria Freitas 


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Fica aí, Pedrinho! Papai já Volta!




Eram duas horas da madrugada do dia 7 de abril de 1831. "Aqui está a minha abdicação; desejo que sejam felizes! Retiro-me para a Europa e deixo um país que amei e que ainda amo." Dom Pedro I abdicou ao trono em favor de seu favor, Pedro II, de apenas 5 anos na ocasião, e deixando no Brasil três filhas de seu casamento anterior com a Imperatriz Leopoldina (D. Januária, 9, D. Paula, 8, e D. Francisca, 6) sob os auspícios de José Bonifácio. Sua então esposa, a Imperatriz Consorte D. Amélia, estava então grávida de 3 meses.


Na Europa, Pedro empreendeu talvez sua maior batalha: destronar o próprio irmão, D. Miguel, para assegurar o trono a sua filha, D. Maria II de Portugal (apelidada de "A Educadora" ou "A Boa Mãe"), que na ocasião acabara de completar 12 anos de idade! Esta data marca o fim do Primeiro Reinado e o Início do conturbado Período Regencial do Brasil!

Dom Pedro I era por muitos considerado temperamental (talvez uma característica herdada da mãe, Carlota Joaquina), enquanto Pedro II um exemplo de cultura, bom senso e elegância. 

O Período Regencial revelou disputas políticas que só foram amenizadas com a antecipação da maioridade de Pedro II, mas que sempre estiveram no seio da política brasileira até hoje. O maior exemplo disso talvez seja a própria família Bonifácio, que desde 1821 (até os dias de hoje), tem ao menos um representante no Parlamento Brasileiro. 

Durante a Assembleia Constituinte em 1823, Bonifácio e seus dois irmãos, Martim Francisco Ribeiro de Andrada e Antônio Carlos Ribeiro de Andrada romperam com o Imperador Pedro I em meio aos debates acalorados. Bonifácio passou a fazer oposição ao Imperador, mas na sua partida, o Patriarca da Independência foi o principal responsável pela tutorial de Pedrinho!





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sexta-feira, 20 de julho de 2012

"O Monge que nasceu para ser Pai"


   Há cento e noventa anos, nascia numa vila do Império Austríaco o homem pioneiro no estudo da genética, o homem ao qual são atribuídos os primeiros trabalhos sobre hereditariedade.
  
   Nascido em uma simples família de camponeses, chamava a atenção desde cedo por sua inteligência, e costumava observar plantas de sua casa, porém por não ter dinheiro suficiente para pagar os estudos superiores, entrou para a Ordem de Santo Agostinho aos vinte e um anos, onde mudou seu nome de Johann para Gregor. No mosteiro seu interesse pelas plantas continuou, e foi encarregado de supervisionar os jardins do mosteiro. Oito anos depois conseguiu entrar para a Universidade de Viena, e passou a interessar-se pela meteorologia e pela teoria da evolução.  

   Tornou-se professor de ensino superior em ciências naturais, nesse momento começou a estudar e analisar matematicamente dados de cruzamentos de diversas espécies animais e vegetais, principalmente de ervilhas, exemplo clássico dos livros didáticos para demonstrar as leis de Mendel e que lhe rendeu o cunho de “O Pai da Genética”.
 
   Como tantos outros, Gregor Mendel não obteve prestígio em vida, morreu como um mero desconhecido. Suas obras foram redescobertas por outros cientistas e então seu nome foi ganhando crédito no meio científico. Um homem a frente de seu tempo, mas que foi ignorado durante sua vida.