domingo, 8 de maio de 2011

Música popular brasileira e a opressão da ditadura militar






   Após o golpe militar efetuado em 1964 foram impostas no Brasil,condições para a liberdade.Entre as tais amor incondicional a pátria.Entre as tais condições amor incondicional a pátria, que obrigava aos co-cidadãos brasileiros amar e respeitar a pátria independente do que estivesse sendo feito pelo poder político na época e não poderiam fazer nada para que isso mudasse.
Tal constrangimento de Médici parece não ter surtido posteriores efeitos com narra o poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto em sua maior obra Morte e Vida Severina, contando a história do retirante Severino que sai da sua terra natal em direção a capital tentando uma vida melhor do que a que encontrava no sertão. Tal obra foi escrita antes da ditadura e virou filme, mas apenas ao término desta.
   As imposições feitas pelos ditadores brasileiros não visavam a melhoria da condição de vida do povo e sim o fortalecimento do poder militar sobre o país. Daí vem a música popular brasileira como uma das protagonistas da busca pela liberdade de expressão, fazendo de suas músicas documentos de revolta ao poder, de busca aquilo que deveria ser dado a cada cidadão, a liberdade.
   E por tentar trazer a liberdade à nossa pátria a música popular brasileira sofreu grande opressão. O governo acreditava que a música tinha uma força tão grande a ponto de fazer que a nação ao todo se revoltasse contra o poder exercido por eles. Por tal motivo muitos compositores e cantores brasileiros foram exilados, mudaram de sua terra natal a procura da liberdade.
   Muitos deles voltaram e hoje são considerados ícones de vitória contra a opressão, capítulo que mais envergonha a história brasileira, mas que foi vencida pela força da MÚSICA POPULAR BRASILEIRA.

Trecho de Morte e Vida Severina

— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.

Mais isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
alguns roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.
“NOSSOS HEROIS NÃO MORRERAM DE OVERDOSE, ELES VIVEM E POR CONTA DELES TAMBÉM VIVEMOS EM LIBERDADE”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário