terça-feira, 12 de julho de 2011

Carcará - João do Vale/José Cândido

Carcará
Lá no sertão
É um bicho que avoa que nem avião
É um pássaro malvado
Tem o bico volteado que nem gavião
Carcará
Quando vê roça queimada
Sai voando, cantando,
Carcará
Vai fazer sua caçada
Carcará come inté cobra queimada
Quando chega o tempo da invernada
O sertão não tem mais roça queimada
Carcará mesmo assim num passa fome
Os burrego que nasce na baixada
Carcará
Pega, mata e come
Carcará
Num vai morrer de fome
Carcará
Mais coragem do que home
Carcará
Pega, mata e come
Carcará é malvado, é valentão
É a águia de lá do meu sertão
Os burrego novinho num pode andá
Ele puxa o umbigo inté matá
Carcará
Pega, mata e come
Carcará
Num vai morrer de fome
Carcará
Mais coragem do que home
Carcará

2 comentários:

  1. Considerado por certos índios como ave de mau agouro, como também forma viva de poder e persistência, a ponto de serem perseguidos em função de suas penas no alto Xingu. No folclore brasileiro é símbolo de tristeza, atrevimento e maldade. Lendas são feitas a seu respeito por sertanejos cearenses, contando que levam galhos em brasas, a fim de promover as queimadas nas lavouras. Mas também é uma imagem de resistência, perseverança e também crueldade, em função de se manter firme durante os períodos de seca, alimentando-se das carcaças e da desgraça do nordestino. Como forma de imortalizar essa visão do sertanejo para com essa ave oportunista, João Vale compôs “Carcará” que foi interpretada por grandes cantores de nossa música.

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  2. É mesmo considerada uma ave má,porém ainda assim é querida do povo sertanejo,não apenas no ceará,mas também já tive a oportunidade de vê-la no Sertão pernambucano.Obrigado pelo comentário.

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